O IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e o Instituto Hórus realizaram nos dias 2 e 3 de junho um debate sobre espécies bioinvasoras. A Associação MarBrasil participou do evento e pôde contribuir com dados do Projeto PreInv. O encontro faz parte da Rede de Colaboradores do Estado do Paraná para a Gestão de Espécies Exóticas Invasoras.
A Lista Oficial do Estado sobre espécies invasoras (Portaria IAP 125 de 07/08/2009) será revisada neste ano de 2014. Sendo assim, é necessário abastecer a rede de informações sobre a ocorrência de novas espécies.
A bioinvasão é considerada uma das três maiores ameaças à biodiversidade e classificada como uma poluição biológica. O pesquisador do IFPR (Instituto Federal do Paraná) e presidente da Associação MarBrasil, Ariel Scheffer da Silva, explica que estas espécies quando introduzidas em um novo ambiente ameaçam não só a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas, mas também a economia e a sociedade, incluindo seus aspectos culturais e de saúde.
A espécie Myoforceps aristatus perfurando outros organismos |
“Uma vez estabelecida em um novo ambiente, uma espécie invasora é extremamente resistente e provoca grandes gastos financeiros para seu controle ou erradicação. O monitoramento, os estudos dos vetores de contaminação biológica e da biologia das espécies invasoras são importantes para a prevenção de sua entrada e para o combate às mesmas no caso de uma bioinvasão”, esclarece Ariel Scheffer, que também é membro da Rede sobre Espécies Exóticas Invasoras.
O Projeto PreInv – Prevenção da Bioinvasão no Litoral do Paraná, realizado pela Associação MarBrasil com o patrocínio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, tem como objetivo geral fazer uma caracterização de espécies sem mobilidade, associadas ao fundo marinho, introduzidas no litoral do Paraná. Após conhecer os riscos de bioinvasão e a suscetibilidade do ecossistema marinho no Estado, será possível prever o estabelecimento de espécies exóticas e, se necessário, propor políticas públicas de prevenção e medidas de combate.
“Contribuímos com novas informações sobre a ocorrência de invasoras marinhas no Paraná, sugerindo a inclusão de espécies para a lista oficial do IAP”, conta a coordenadora do PreInv, Janaína Bumbeer.
Algumas espécies nunca haviam sido registradas no litoral do Estado, como é o caso do bivalve (animais que possuem conchas) Myoforceps aristatus. “É muito importante que as informações obtidas em campo sejam repassadas para os órgãos ambientais responsáveis, pois só assim é possível a criação de políticas públicas para prevenir e minimizar os prejuízos causados pelas espécies invasoras”, completa Janaína.
Conheça mais sobre duas espécies identificadas pela MarBrasil:
Myoforceps aristatus
Este bivalve tem origem no Caribe e já se encontra em quase todo litoral brasileiro. No Paraná, foi observado e identificado pela primeira vez em 2013 pela equipe da Associação Marbrasil, no Parque Nacional Marinho de Currais. Sua presença pode causar impacto e alterar a estrutura da comunidade nativa, uma vez que é uma espécie perfurante de conchas de outros moluscos, causando deformações ou até mesmo levando o animal à morte e até extinguir populações locais dos moluscos.
Myoforceps aristatus |
Ophiotela mirabilis
Esse pequeno ofiuróide (parecido com uma estrela-do-mar) do oceano pacífico foi observado pela primeira vez no Brasil em 2000, e encontrado na Ilha do Mel em 2004. Desde então, ele vem se proliferando rapidamente por todo o litoral brasileiro, sendo encontrado em enormes quantidades, principalmente esponjas-do-mar e gorgônias (espécie relacionada a corais).
Ophiotela mirabilis |