Matéria: Gabriela Perecin
Jornalista Responsável: Vinicius Araujo (DRT 6918/PR)
Equipe do Programa REBIMAR acompanha o desembarque da pesca no município de Matinhos. (foto: Vinicius Araujo) |
Nesta semana o Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha (REBIMAR) realizou atividades de monitoramento dos trabalhos da pesca artesanal em Pontal do Paraná, nos balneários de Shangri-lá, Atami e Barrancos, e no município de Matinhos.
A atividade é um exemplo do trabalho realizado em parceria com os pescadores artesanais destes locais, que é o acompanhamento do desembarque de pesca de canoas. Esta atividade, realizada duas vezes ao mês, começou antes do início efetivo do Programa REBIMAR e da instalação dos recifes artificiais.
“Esse acompanhamento acontece há mais de dois anos, portanto a gente já tinha uma idéia de como era a região antes da instalação dos recifes. A partir do mês de junho, quando as instalações das estruturas foram concluídas em Pontal do Paraná, passamos a verificar o que pode ter começado a mudar”, explica Lilyane de Oliveira Santos, Técnica em Biodiversidade da Associação MarBrasil.
Durante o acompanhamento, a equipe aplica um questionário aos pescadores de cada canoa que desembarca. Algumas questões abordadas são em relação às espécies capturadas, quantidade do pescado obtido, freqüência de dias que pescaram durante a semana, área que costumam realizar suas atividades e a rotina da pesca da região.
Com a coleta dos dados e posterior análise, a equipe poderá verificar se algumas espécies tornaram-se mais abundantes e se apareceram mais espécies raras, o que contribui para a atividade. “Isso pode fazer com que os pescadores mudem a estratégia de pesca, pois cada tipo de pescaria vai capturar, preferencialmente, e em maior quantidade, algum tipo de pescado”, diz Maurício de Castro Robert, Técnico em Socioeconomia e Pesca da Associação MarBrasil.
Os pescadores mais antigos percebem que a realidade da pesca é outra nos últimos tempos, pois algumas espécies não aparecem mais com tanta frequência. “Hoje tem muito mais embarcações e cada vez tem que ir mais longe. Há 33 anos aqui tinha cação, pintado e muitos outros peixes que sumiram e ninguém mais viu, talvez foram muito para fora e nós não alcançamos mais”, relata Reni Eulálio Ramo, pescador em Matinhos.
A tendência é que com a instalação dos recifes artificiais do REBIMAR, e uma possível ampliação do número de estruturas em alto-mar, é que haja cada vez mais diversidade de espécies. Com o passar dos anos, isto poderá trazer benefícios para a classe pesqueira, e consequentemente, para a economia do litoral do Paraná.
Relação de confiança
Parceria com pescadores do litoral paranaense valoriza os dados coletados pelo REBIMAR (foto: Vinicius Araujo) |
No início do acompanhamento das atividades de pesca, o convívio com os pescadores para a coleta de dados, foi um tanto complicado, já que não se mostravam dispostos a dar informações por não conhecerem o trabalho do REBIMAR, que ainda estava começando.
Porém, de acordo com Lilyane, ao longo do desenvolvimento do Programa, a equipe ganhou a confiança dos pescadores locais. “A gente começou a ir mais a campo e eles deram mais abertura. Agora eles já vêm até nós contar as espécies que encontraram, aumentando a proximidade com a equipe”, finaliza Lilyane.