Uma doença viral, agravada pela poluição, tem sido grave ameaça para as tartarugas marinhas que frequentam a costa brasileira

Pesquisadores do Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha (REBIMAR) monitoram tartarugas-verdes no litoral paranaense para entender como a degradação do ambiente afeta a espécie e a sua saúde

Como está a saúde das tartarugas marinhas e qual o impacto das atividades humanas nas espécies que ocorrem no Paraná? Pesquisadores do Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha (REBIMAR), da Associação MarBrasil, trabalham por respostas. Para isso, desenvolvem desde 2014 um projeto de monitoramento das tartarugas-verdes (Chelonia mydas), na região do Complexo Estuarino de Paranaguá, próximo a uma importante área portuária e a ocupações urbanas. As primeiras análises já indicam que alterações drásticas no habitat afetam a condição de saúde dos animais e causam agravamento de doenças emergentes.

Equipe capturando uma tartaruga-verde na Ilha das Cobras. Foto: Gabriel Marchi

A ação de captura, marcação e soltura das tartarugas ocorre, principalmente, na Ilha das Cobras e Ilha do Mel, sendo a primeira com alta concentração desses animais. A equipe “cai na água” para fazer o cerco das tartarugas, que pode ser tanto no modo “espera”, em áreas onde esses animais se aproximam para se alimentar, quanto em modo de “arrasto”, captura ativa realizada próxima ao costão rochoso. Toda a ação de captura é muito cuidadosa e os animais são contidos pelo menor tempo possível para coleta de amostras e marcação, sendo soltos no mesmo local.

As tartarugas-verdes que costumam chegar ao litoral paranaense, em geral, são juvenis, entre dois e dezesseis anos de idade. A quantidade de animais capturados e avaliados varia bastante entre as campanhas de pesquisa. A água turva da região estuarina é um ponto positivo para as capturas, mas em períodos de estiagem, como os vivenciados agora, os animais têm mais facilidade de fuga, pois enxergam a rede e os movimentos dos pesquisadores. Cada campanha de captura traz um desafio diferente e a equipe busca alternativas para aprimorar o projeto continuamente.

Após a captura, a equipe do REBIMAR realiza a análise do indivíduo na própria embarcação, chamada de “ambulatório”. São avaliados parâmetros como peso, tamanho, condição corpórea, e a presença de tumores, os quais são consequência da doença emergente acompanhada pelos pesquisadores. Além disso, são coletadas amostras para análises genéticas, hematológicas e bioquímicas.

Entre as doenças mais preocupantes nos animais observados está a Fibropapilomatose que forma múltiplos tumores de pele e pode também afetar órgãos internos e a reprodução. “Apesar da transmissão ser viral, existem indícios de que a formação dos tumores se manifesta nos animais que vivem em áreas poluídas, expostas a várias atividades humanas que causam impactos, tais como navegação, porto e urbanização não planejada”, alerta Tawane Nunes, oceanógrafa e pesquisadora do REBIMAR.

A doença afeta as tartarugas marinhas globalmente e tem uma relação já comprovada cientificamente com alterações da qualidade ambiental, como o grau de poluição local. Um ambiente de baixa qualidade influencia para que a doença seja mais frequente e severa entre as tartarugas.

Os exames realizados trazem ainda informações sobre como o organismo desses seres marinhos está reagindo diante de tantos fatores de estresse. “Temos observado níveis de leucócitos – células de defesa – muito altos, o que indica que estão combatendo patógenos, ou seja, organismos que estão no ecossistema e podem causar doenças”, acrescenta Camila Domit, coordenadora do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC-UFPR), grupo co-executor das ações com tartarugas marinhas no programa REBIMAR.

A avaliação das populações de tartarugas-verde é importante para a coleta de dados sobre a biologia desta espécie vulnerável quanto ao risco de extinção. As ações em campo ajudam a estimar a quantidade de animais e sua movimentação na região, identificar áreas prioritárias para conservação, monitorar a condição de saúde dos indivíduos, e compreender como as alterações humanas ameaçam a espécie.

Rastreamento – Para monitorar as tartarugas marinhas, ao longo das etapas do Programa REBIMAR foram utilizadas duas estratégias distintas. A primeira é o uso de anilhas metálicas, que permite que o animal tenha uma identificação e seja acompanhado por um longo período por meio da recaptura. Esta técnica é de menor custo e pode ser utilizada para um número maior de animais analisados. A outra é o uso de dispositivos de rastreamento por satélite, a qual permite o acompanhamento dos indivíduos em tempo real; porém essa tecnologia tem um custo alto e um tempo de duração limitado, o que restringe seu uso a poucos animais.

“Pensando na relevância do acompanhamento dos animais em tempo real, mas  também nos altos custos e na importância do rastreamento das tartarugas, a quarta fase do REBIMAR vai dedicar esforços para desenvolver sistemas de rádio transmissores e outros rastreadores de maior viabilidade de replicação. Pretendemos testar essas alternativas e ter um maior número de animais rastreados com um menor custo”, revela Camila Domit.

A pesquisadora explica que ainda há pela frente um espectro grande de análises a serem feitas. No entanto, o estudo contínuo pode contribuir para novas estratégias para mitigar impactos atuais e melhorar o estado de conservação dos ambientes costeiros próximos a regiões portuárias.

Faça parte!

Você também pode contribuir nas pesquisas fotografando animais marinhos e também o lixo nas praias. Baixe gratuitamente o aplicativo SIG REBIMAR e ajude nas atividades de monitoramento de fauna, educação ambiental e presença de microplásticos.

“O impacto do plástico já é bastante conhecido, mas agora surge essa preocupação com o micro-plástico. Estamos reestruturando nosso aplicativo para celulares com o objetivo de permitir que os usuários registrem a ocorrência desses itens, e enviem as imagens para análise”, conta o coordenador do REBIMAR, André Cattani.

O Programa REBIMAR  é um conjunto de ações socioambientais voltadas para a conservação da região litorânea do litoral do Paraná e também do litoral sul de São Paulo. A iniciativa faz parte da Associação MarBrasil, tem patrocínio da Petrobras e do Governo Federal, e conta com apoio científico do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná e do Instituto Federal do Paraná.

Saiba mais:

www.marbrasil.org/rebimar

@AssociacaoMarBrasil

@ProgramaRebimar

@Petrobras

Contato assessoria de imprensa: 41 99974-5998

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