ProRecifais

Resultados atuais e possibilidades futuras do Parque Nacional Marinho das Ilhas dos Currais e recifes artificiais adjacentes para recuperação de peixes recifais ameaçados

No Brasil, várias espécies de peixes marinhos tiveram suas populações reduzidas, com perdas de até 90%. Peixes recifais em particular, são altamente susceptíveis a explotação pesqueira, devido suas características bioecológicas, comportamento e pelo grau de isolamento demográfico das populações. Neste sentido, duas ferramentas utilizadas amplamente no cenário internacional e nacional exibem potencial de promover sinergicamente a conservação de peixes recifais ameaçados. (1) Unidades de conservação (UCs) marinhas podem ser projetadas para preservar a biodiversidade e auxiliar a recuperação das populações e espécies vulneráveis, e, (2) recifes artificiais (RAs) podem disponibilizar novos habitats, provendo refúgios e aumentando a sobrevivência dos indivíduos. Desta forma a presente proposta pretende avaliar a efetividade do Parque Nacional Marinho das Ilhas dos Currais (PARNAMAR Currais) em proteger e reduzir a pressão pesqueira sobre a assembleia de peixes recifais, verificando ainda, por meio da análise do assentamento larval a viabilidade da implementação de RAs no local.

 

No estado do Paraná o PARNAMAR Currais criado em 2013, protege 13,6 km2 do ambiente marinho. Desta área, uma pequena porcentagem é ocupada por um arquipélago rochoso e quatro agrupamento de RAs, sendo a maior parte do Parque composta por um matriz arenosa. Fora da área do Parque, existem outros RAs, implementados nas últimas duas décadas, sendo os mais recentes instalados entre 2010 e 2012 pelo Programa REBIMAR. Assim, avaliar a efetividade das medidas políticas vigentes e implementação de recifes artificiais, irá trazer dados sobre estratégias conservacionistas atuais e fornecerá bases sólidas para ações futuras de conservação, por meio da disponibilização de locais protegidos e novos habitats.

 

Resultados para a Conservação

As informações geradas facilitarão ações para conservação de peixes recifais ameaçados e com importância econômica. Para as espécies classificadas como vulneráveis, entende-se que há a

necessidade de se avaliar o impacto das capturas sobre as populações explotadas. Assim, além de se avaliar estas populações nos ambientes recifais não protegidos e UCs, a presente proposta ampliará o conhecimento sobre a conectividade demográfica e dos processos de manutenção destas populações sobre ambientes recifais altamente vulneráveis a atividade pesqueira, permitindo ações futuras condizentes às necessidades bioecológicas das espécies. Adicionalmente, a avaliação da efetividade das medidas políticas vigentes e dos recifes artificiais em promover a recuperação das espécies ameaçadas, fornecerá bases sólidas para uma gestão efetiva, quando sustentada por estas medidas. A proposta também auxiliará na formação de recursos humanos voltados à conservação da biodiversidade costeira.

 

Autorização Ambiental

A MarBrasil e equipe contam com as licenças ambientais necessárias para realizar pesquisa no

PARNAMAR Currais e Litoral do Paraná: Números de registro: 354203, 423182, 423191, 435671 e 468601. Adicionalmente, o Laboratório de Ecologia de Peixes (UFPR) conta com licença permanente de coleta número 511462, titular: Henry Louis Spach.

 

Interfaces do projeto com outras iniciativas

Após 4 anos de implementação dos recifes artificiais (RAs) pelo programa Rebimar, executado pela Associação MarBrasil, espécies de peixes recifais ameaçados têm se mostrado mais abundante nos recifais artificiais do que em recifes naturais, a exemplo das espécies Epinephelus itajara, Epinephelus marginatus, Hyphortodus niveatus, Hyphortodus nigritus e Lutjanus cyanopterus.

 

Adicionalmente, após quatro anos de monitoramento, registramos o aumento da biomassa, riqueza e diversidade de peixes recifais nos RAs.

 

Em 2016, após quatro anos de monitoramento, registramos pela primeira vez, exemplares de Epinephelus itajara no Arquipélago de Currais. A ausência nos anos anteriores, poderia estar associada ao histórico pesqueiro da região. O registro da espécie poderia ser uma resposta ao recém criado PARNAMAR Currais que passou a coibir as capturas no local. Desta forma, se confirmado a hipótese, existe uma expectativa de um aumento nos registros desta e de outras espécies ameaçadas no local.

Realização: Associação MarBrasil
Patrocínio: Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
Apoio: Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (CEM/UFPR), Laboratório de Ecologia de Peixes (UFPR).